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    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    9 de Jul de 2020

    Eu tenho um cão reativo!



    Há pouco mais de dois anos, durante o curso da espetacular Emma Parsons em São Paulo, o Click To Calm, houve um momento que eu gostaria de compartilhar com vocês.


    Uma tutora que estava no curso para aprender formas de lidar com a reatividade do seu cão, ergueu a mão para fazer um pergunta. Ela havia feito o MARCRO, meu curso sobre reatividade, assim como alguns outros cursos sobre o mesmo tema. Quando chegou a sua vez de perguntar, ela se mostrou um pouco constrangida ao dizer: “Eu tenho um cão reativo!”. Muitas risadas entre os mais de cem participantes foram ouvidas. Meio que sem graça, por não ter entendido o motivo da risada ela fez a sua pergunta. Na verdade, é natural que algumas pessoas cujos cães são reativos, se sintam envergonhadas por isso, especialmente quando seu cão avança e late para "tudo", pra "todos" e em "todas" as situações. No intervalo, fui conversar com ela porque senti a necessidade de esclarecer o motivo de tantos risos. Disse a ela que o motivo de todos aqueles adestradores, eu inclusive, termos acharmos graça foi basicamente porque a maioria das pessoas ali, tem ou já tiveram um cão reativo. Qualquer um que já teve ou tem alguns cães vai ter um cão reativo e não há nada de errado nisso. O que está errado para os cães e para nós mesmos é o ambiente em que vivemos e o estilo de vida que levamos. Sem um preparo adequado, muitos cães vão se tornar reativos. Com um preparo adequado, muitos cães podem se tornar reativos também. Socializar, treinar e ensinar o seu cão a lidar com frustrações é essencial para a formação de todos os cães, mas não vai nos isentar da possibilidade de um dos nossos cães ser ou estar reativo.


    Se você tem um cão reativo, não há nada de errado você ou com seu cão. Não há porque ter vergonha ou achar que você é a única pessoa que sofre com isso. Hoje em dia é o tipo de caso mais comum que eu atendo. Porém, é muito importante aprender a lidar com o problema. Hoje temos metodologias extremamente eficazes que só dependem das informações corretas e da dedicação das famílias. Vale lembrar que na maioria absoluta das vezes a reatividade vai escalar e se nada for feito, um cão pode vir a se tornar agressivo chegando a morder, iniciando uma escalada bem mais complicada. Também temos formas eficazes de lidar com cães que já mordem. Mas, quando há possibilidade de ferimentos o trabalho é muito mais estressante e trabalhoso, especialmente para os tutores. Se você tem um cão reativo, nunca deixe para resolver o problema mais tarde. Procure um profissional que trabalhe exclusivamente com adestramento amigável e fundamentado no reforço positivo. Se quer ter a certeza de melhora, procure um que domine o uso do Clicker na reatividade, como é ensinado no Click to Calm. Há dois anos passei a usar as técnicas mostradas pela Emma e posso dizer que trabalhar com reatividade hoje em dia, é muito fácil!


    14 comentários
    LETICIA ORLANDI
    Traço  ·  
    9 de Jul de 2020

    Essa vergonha do cão reativo é uma realidade e, muitas vezes, é o que leva o tutor a buscar ajuda. É ótimo que busque ajuda, claro, mas seria bem melhor se fosse porque percebe que o cão não está vivendo com tranquilidade... Ótimo post.

    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    9 de Jul de 2020  ·  Editado: 9 de Jul de 2020

    Obrigado! 😊

    Achei muito interessante a sua observação. Eu não tinha me atentado, mas agora que mencionou, não me recordo de cliente algum que tenha buscado ajuda em casos de reatividade, porque estava ciente de que seu cão estava sofrendo. As motivações sempre foram a busca de um "melhor comportamento" ou devido à cobrança social. Felizmente, a maioria absoluta dos clientes ama incondicionalmente os seus cães e boa parte está aberta a aprender sobre eles, proporcionando desta forma uma vida realmente boa e uma relação harmônica.

    Intrigantes são aqueles poucos clientes, que mesmo diante da avaliação de um profissional que eles mesmo contrataram, relutam em aceitar os reais significados por trás dos sinais e comportamentos que seus cães apresentam. Mais intrigante é saber que nos dias de hoje, muitos profissionais ainda desconhecem ou não dão o valor necessário para o que os cães podem estar nos "dizendo" com seus sinais e comportamentos.

    Eri Bastos
    Traço  ·  
    11 de Jul de 2020
    Mais intrigante é saber que nos dias de hoje, muitos profissionais ainda desconhecem ou não dão o valor necessário para o que os cães podem estar nos "dizendo" com seus sinais e comportamentos.

    Quando um cão é reativo quais sinais/comportamentos eu devo procurar pra saber qual a causa? Quero saber se é medo, agressividade, excesso de excitação...


    O Logan é reativo a outros cães, mas não em qualquer situação. Se a gente chega num lugar onde já tem um monte de cachorro ele não demonstra reatividade nenhuma. Mas se cruzamos com um único cachorro - principalmente pequeno - na rua a história é diferente.


    Pessoalmente eu acho que ele é um bully que gosta de tocar terror nos menorzinhos igual ele faz com o Pingo, mas não sei exatamente o que observar pra entender o que passa na cabeça dele.

    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    11 de Jul de 2020  ·  Editado: 11 de Jul de 2020

    "Quero saber se é medo, agressividade, excesso de excitação..." Pode ser qualquer um destes motivos. Pode ser vontade de perseguir como nos casos de alguns cães de caça ou pastorear, como no caso dos borders collies.


    A reatividade é causada, grosso modo, pelo mecanismo de fuga ou luta. Os cães geralmente ficam ansiosos e ou frustrados quando não conseguem investigar, se afastar ou afastar o que os está causando interesse ou aversão. Essa elevação de ansiedade pode estar ligada, por exemplo, a uma simples vontade de brincar com outro cão. No seu caso, eu diria que é causada pela vontade de ter o controle do ambiente, um comportamento natural dos pastores, que pode ser potencializado pela vontade de investigar, proteger você e se proteger, assim como a necessidade que sente de espantar as possíveis ameaças, comportamentos naturais no grupo dos cães de guarda.


    Como ele está na guia nesses momentos, não consegue lidar com o "problema", o que eleva a sua ansiedade. Não conheço o Logan, mas vou partir do princípio de que ele não se sente à vontade perto ou passando por cães estranhos a ele. Eu diria que isso provavelmente não é tão visível na maioria das situações por alguns possíveis motivos:

    1)Ele pode estar acostumado com situações e contextos onde hajam mais cães, porque talvez nesses locais geralmente você está treinando e ou não cruza de frente com outros cães em caminhos estreitos, como faz em calçadas e trilhas por exemplo.

    2)Ele ainda é jovem, então pode ser que não tenha ainda a autoconfiança para reagir diante de grupos e cães maiores. Fique de olho, porque se for esse o caso, o problema vai começar a aparecer em outras situações.

    3)É comum tensionarmos a guia quando vamos cruzar com outros cães na rua e muitos cães associam esse estímulo aos contextos e indivíduos humanos ou caninos presentes. Este é um dos motivos mais comuns dos casos leves de reatividade.

    4)Todas as alternativas acima, haha!


    Ainda seria possível que interações com cães pequenos não socializados corretamente tenham causado isso. Mas, acredito que você teria reparado se algum evento desse tipo tivesse ocorrido. Aqui em casa, trabalhamos duro pra socializar a Nyx, porém em algumas ocasiões diferentes cães pequenos de outras pessoas avançaram ou latiram pra ela. Toda vez que um cão pequeno se aproxima, preciso atrair a atenção dela para mim, para evitar uma reação.


    Assista um curso Click to Calm ou leia o livro da Emma, que você vai ter uma ferramenta muito poderosa e eficaz de resolver o problema, especialmente porque ainda é leve: https://www.amazon.com.br/Click-Calm-Healing-Aggressive-English-ebook/dp/B008510I5S

    Também posso te ensinar a fazer. 😉 Tenho vídeos trabalhando a reatividade com o clicker.


    A tendência da reatividade é sempre aumentar quando não mudamos as estratégias nos passeios. Isso se deve à forma que o cérebro do cão armazena e associa informações e elementos. Como exemplo, um cão pode ser reativo à bicicletas e ficar estressado na presença delas. Durante um passeio ele vê uma bicicleta e fica ansioso, desconfortável e seu nível de estresse aumenta. Estressado, ele repara que além da bicicleta há uma moça com um chapéu grande no seu campo de visão. Possivelmente ele passará a se sentir incomodado à partir de agora também com moças de chapéu grande. A cada passeio, mais elementos e contextos podem se tornar, na mente do cão, relacionados ao desconforto que sente. Basicamente todo caso de reatividade tem um histórico parecido: inicialmente há reação do cães a um ou poucos estímulos e com o passar to tempo, outros estímulos passam a ser gatilhos para a reatividade.


    Como curiosidade: o grupo dos cães pastores tem uma capacidade maior em lidar com a ansiedade e o estresse do que outros cães em geral. Isso se deve a um dimorfismo cerebral resultado da seleção destes cães. Cães que lidam melhor com a ansiedade são mais propensos a fazer "sacrifícios". Em outras palavras, são mais propensos a fazer o que lhes foi ensinado ou exigido, mesmo que isso resulte em níveis de estresse elevados.

    Eri Bastos
    Traço  ·  
    11 de Jul de 2020
    1)Ele pode estar acostumado com situações e contextos onde hajam mais cães, porque talvez nesses locais geralmente você está treinando e ou não cruza de frente com outros cães em caminhos estreitos, como faz em calçadas e trilhas por exemplo.

    Essa parece a resposta certa. Desde filhote, 9 semanas de idade, tenho levado ele em cursos de obediência, agility, etc. Ele está acostumado com o contexto de um monte de cachorro em volta.

    Nesse vídeo dá pra perceber que ele não está relaxado, mas controlado e calmo o suficiente - https://photos.app.goo.gl/tZui6fMq3P4VzKoC9


    Mas um erro enorme que cometi foi não ter deixado ele interagir livremente com outros cães. Socializei ele muito com pessoas em lojas e shoppings, mas com poucos cães. Quase nenhum fora do contexto de cursos e treinos em grupo.


    E sim, me lembro bem que a primeira vez que ele surtou ao ver outro cachorro foi numa trilha num parque, quando o outro cruzou na frente dele exatamente como você descreveu.


    Assista um curso Click to Calm ou leia o livro da Emma

    Eu li esse livro ano passado. Apesar de ter gostado ele apresenta o mesmo problema de implementação comum em técnicas 100% positivas: A autora assume que não só você tem familiares, amigos e conhecidos por perto, mas que ainda essas pessoas tem cachorros. E esses cachorros já são cães modelos que vão ajudar o moldar o comportamento do seu cão.


    Infelizmente moramos longe de família. Temos pouquíssimos amigos e destes exatamente um único casal que tem cachorro.


    Até onde entendo, exposição gradual, periódica e constante, reforçadas com estímulos positivos vão aos poucos ajudando na dessensibilização. Também aumenta a zona de conforto e tolerância. Concordo que faz todo sentido, mas na prática não tenho como implementar.


    Hoje em dia podemos andar na rua e em parques e até cruzar com outros cães em trilhas estreitas. Se eu suspeito que pode dar problema coloco ele no deita e costuma evitar 90% dos problemas. Porém se o outro cachorro late ou demonstra agressividade a situação escala imediatamente e all bets are off, como dizem por aqui.


    Como exemplo, um cão pode ser reativo à bicicletas e ficar estressado na presença delas. Durante um passeio ele vê uma bicicleta e fica ansioso, desconfortável e seu nível de estresse aumenta.

    Não chegou a ser reatividade, mas percebi que o nível de stress dele começou a aumentar na presença de bicicletas e skates. Mas isso foi fácil de resolver com clicker em dois ou três dias. Skates não latem de volta e a situação não escala.


    Como curiosidade: o grupo dos cães pastores tem uma capacidade maior em lidar com a ansiedade e o estresse do que outras cães em geral. Isso se deve a um dimorfismo cerebral que os torna o único grupo de cães, do qual podemos esperar um vontade de cooperação.

    Isso explica muita coisa. A única forma de fazer ele ignorar a presença de outros cães é ter o brinquedo na mão e pedir comandos. A intensidade com que ele responde aos comandos e gruda no brinquedo parece proporcional ao stress causado pela presença de outro cachorro.

    Aliás, ele ficou muito bom em trabalhar sob stress e com distrações.


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    LETICIA ORLANDI
    Traço  ·  
    9 de Jul de 2020

    é isso mesmo, eu observo muito o lado humano dessas questões e ainda temos muito a caminhar no sentido de educar os tutores antes da chegada do cão (e do gato) e de prevenir problemas quase 100% evitáveis

    Miguel Lozzardo
    Traço  ·  
    6 de Out de 2020

    pergunta de quem não entende de adestramento e termos utilizados: reatividade é o mesmo que a agressividade por medo?

    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    8 de Out de 2020  ·  Editado: 8 de Out de 2020

    Reatividade é o nome que adotamos para comportamentos causados por uma elevação na ansiedade diante de estímulos variados e tem sua origem no mecanismo de fuga ou luta. Podem ser desde uma força na guia e ou vocalizações ao perceber determinados estímulos até formas mais expressivas como avançar demonstrando agressividade. Pode ser causado por medo, mas geralmente é causado por frustração em não conseguir lidar com determinados estímulos. Um cão pode ser agressivo e não ser reativo, pode ser reativo sem ser agressivo(não morde). Os casos mais complicadinhos são os em que o cão é reativo e agressivo.

    Miguel Lozzardo
    Traço  ·  
    8 de Out de 2020

    o pq da pergunta: cada dia mais a gente ouve "reativo"... mas o que se vê é um monte de cachorro que os próprios tutores falam - "ele foi atacado/mordido e agora é reativo (avança/ataca) a tudo que é cachorro" OU... "ele é reativo (avança/ataca) à cães não castrados". Isso é reatividade? Um comportamento do Zion que ACHO que se encaixa em reatividade é tentar tirar ele da agua (chuva/piscina) e ele rosna (mas sem ficar com pelagem ereta ou morder). E no "universo golden" tem se tornado muito comum - e preocupante, tudo ser reatividade.

    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    9 de Out de 2020

    Na verdade, o termo reativo não tem um embasamento científico no momento. Trata-se de um termo que define melhor comportamentos antes considerados como agressivos. Reatividade é uma perda de auto-controle e um bloqueio da capacidade cognitiva causada pelo excesso de cortisol produzido no momento e ou no cotidiano. Na verdade, cães reativos são cada vez mais comuns. Todos os cães de raça ou não podem desenvolver problemas emocionais relacionados à vida e manejo que levam e com o crescimento das cidades, a diminuição de espaço e uma criação sem cuidados com a estabilidade emocional levaram a isso. Hoje em dia, é o tipo de caso que domina nossos atendimentos. Isso vale para basicamente qualquer adestrador.


    "Um comportamento do Zion que ACHO que se encaixa em reatividade é tentar tirar ele da agua (chuva/piscina) e ele rosna (mas sem ficar com pelagem ereta ou morder)." Neste caso é um sinal pedindo para parar, um sinal que geralmente vem antes da mordida, com algumas poucas exceções. Há cães que rosnam e nunca vem a morder, porem rosnar é o último estágio antes da agressão.


    Esse vídeo é um um institucional das aulas em grupo que íamos iniciar antes da pandemia. Nele falo um pouco sobre a reatividade.



    Veri Martins
    Traço  ·  
    11 de Out de 2020

    É algo cada vez mais comum entre os cães, até pela pressão social e ambiental que existe nos ambientes urbanos. Esses dias estava ouvindo um episódio do podcast do prof. Daniel Mills em que ele comparava a diferença no comportamento dos cães de Nova York comparado com os cães da cidade do interior. Acho que até nós humanos nos tornamos mais reativos na cidade hehe. Muitos estímulos para gerenciar.


    Miguel Lozzardo
    Traço  ·  
    13 de Out de 2020

    mto legal o vídeo, Tomás! No caso do Zion, o "tratamento" seria deixa-lo na chuva/piscina e, com alguma coisa que ele goste mais, tentar fazer com que ele saia de livre e espontânea vontade! o problema vai ser encontrar algo que ele goste mais que agua - ele é viciado/compulsivo por qualquer gota de agua!

    0
    Tomás Szpigel
    Traço  ·  
    12 de Out de 2020

    Sim, em uma escala menor é o que vemos em Curitiba também. A maioria dos nossos casos de reatividade são em cães que vivem em áreas e ou condomínios movimentados. Além disso, quanto mais perto do centro da cidade, mais casos de reatividade.